HISTORIANDO AS ARTES III
A ARTE BARROCA EM ITÁLIA
A origem e o processo de formação da arte barroca são ainda mal conhecidos, tendo sido necessário retificar muitos dos conceitos ainda há bem pouco correntes acerca dos fatos e dos homens dessa época e opiniões erradas por carência de fundamento ou por viciada interpretação.
A ARTE BARROCA EM ITÁLIA
A origem e o processo de formação da arte barroca são ainda mal conhecidos, tendo sido necessário retificar muitos dos conceitos ainda há bem pouco correntes acerca dos fatos e dos homens dessa época e opiniões erradas por carência de fundamento ou por viciada interpretação.
Decadência moral, crise religiosa e outros males graves foram assacados a esses tempos, em que viveram afinal figuras escritores, artistas e santos da maior grandeza que na Europa nasceram.
Não só é imprecisa a fronteira entre o Renascimento e o Barroco, como também não se chegou a um acordo definitivo quanto ao sentido deste conceito ou da própria palavra que o exprime.
Uns afirmam que deriva de baroco, termo escolástico (relativo à escola); outros entendem que provém do latim verruca, “verruga”, “saliência ou defeito ligeiro”; com mais verossimilhança, deu-se como raiz a palavra portuguesa barroco, com que se designavam as pérolas de superfície irregular. Apesar de ser bastante empregada no século XVII, com o sentido de coisa singular, bizarra ou caprichosa, foram os tratadistas neoclássicos do século XVIII que lhe deram ampla circulação, como sinônimo de estilo extravagante e decadente, artificioso e sobrecarregado. Só em 1888 o grande historiador da arte Heinrich Wölfflin, num livro famoso, Renascimento e Barroco, estabeleceu as bases para uma apreciação mais justa do alcance e do sentido desse período histórico-cultural que sucede ao Maneirismo e se lhe opõe intelectual e esteticamente.
Também se discute o local e a data da sua aparição, sempre difíceis de estabelecer para qualquer movimento artístico de raízes complexas. Enquanto o Barroco foi considerado uma continuação ou um desenvolvimento das concepções maneiristas podia-se considerá-lo já formado nas duas últimas décadas do século XVI. Mas esta relação foi negada pela maioria dos historiadores atuais, em cuja opinião o Barroco apenas se afirma com caracteres bem definidos cerca de 1630, nas primeiras obras de Gian Lorenzo Bernini (1598-1680). É uma arte que se desenvolve num panorama cultural em que os fatores religiosos exerceram um papel preponderante. A grande crise da Reforma dissociara o mundo cristão ocidental: a Dinamarca, a Suécia, a Inglaterra, os Países Baixos e grande parte da Alemanha tinham quebrado os laços com o papado, enquanto as hostes (tropas) turcas de Solimão ocupavam a Hungria e levavam o estandarte do Islã até as portas de Viena.
A igreja católica atravessou neste período uma situação dificílima, a que não foi estranha a corrupção de alguns dos seus responsáveis. Mas o Concílio de Trento e uma nova ordem religiosa, a Companhia de Jesus, reforçaram o catolicismo e deram-lhe meios e um estilo de combate que lhe permitiu não só consolidar as posições que ainda mantinha, mas também recuperar muito do terreno perdido.
Haviam passado os dias da requintada e calma análise intelectual ou da contemplação individualista, visando à perfeição pessoal; afirmam-se novas atitudes, de combate e propaganda, de conversão e polêmica, alargada a mais vastos setores. As forças inconsistentes e afetivas, não racionais, ganharam então novas dimensões e os homens da Contra-Reforma tiveram nítida consciência destes estados de sensibilidade coletiva. Com suprema habilidade, souberam aproveitá-los para os seus fins, bem cientes da eficácia de uma propaganda apoiada em fatores emocionais habilmente dirigidos.
Pelos caminhos do sentimento se alcançava a inteligência e a adesão das vontades. E por isso assistimos ao desenvolvimento de uma arte religiosa emotiva e teatral, ordenada pelos conceitos de ordem espiritual e social que se encontram na base da Contra-Reforma e utilizando sobremaneira o poder da sugestão e força do prestígio, nas mais variadas formas.
Os fundamentos da arquitetura barroca, essencialmente religiosa e palaciana, estão ligados à grande transformação urbanista da Roma do século XVII e às obras de dois arquitetos geniais, Bernini e Borromini. Mas as origens do Barroco vêm de mais longe, da própria crise do classicismo renascentista, logo nos primeiros decênios do século XVI, chegando alguns até ao exagero de atribuir a Miguel Ângelo a paternidade dessas novas concepções formais.
Novas famílias entram em cena na vida social e política de Roma, pois as fortunas mudaram. Aos Colonna, Orsini e Farnésio sucedem os Borghese, Doria, Pamphili e Barberini.
Estas são as linhagens dos papas dos tempos barrocos enriquecidos pelo nepotismo (favoritismo) desenfreado. E por isso os palácios Borghese, Barberini e Doria-Pamphili são as grandes residências desta época.
O grande período barroco, o que produziu as obras arquitetônicas mais admiráveis, situa-se aproximadamente entre 1625 e 1675 e está dominado pelos nomes de três grandes arquitetos: Pietro da Cortona (1596-1669), Gian Lorenzo Bernini (1598-1680) e Francesco Borromini (1599-1667).
Não só as zonas próximas de São Pedro, mas toda a cidade de Roma, sofreram grandes obras de urbanização, dirigidas por arquitetos e escultores barrocos. A Roma monumental dos nossos dias é essencialmente a dos cardeais e papas dos tempos do Barroco; cada príncipe da Igreja embelezou os arredores do seu palácio com avenidas, praças e fontes.
As fontes barrocas de Roma são um dos seus mais atraentes adornos. Por vários aquedutos da Roma dos Césares continuavam fluindo abundantes caudais para o interior da cidade, trazendo muito mais água que a necessária para a população, menos numerosa que na Antiguidade.
Das sobras se aproveitaram os arquitetos dos séculos XVI e XVII para embelezar Roma com magníficas fontes, que são ainda hoje o seu melhor ornamento e que foram imitadas em toda parte. As duas mais célebres são a de Trevi e a Acqua Paola.
Outra das fontes afamadas de Roma é a da Fontana dei Quattro Fiumi.
Mas já é tempo de nos referirmos às artes plásticas da época barroca italiana, e em primeiro lugar à pintura. Os pintores de maior reputação nos fins do século XVI não foram romanos, nem florentinos, mas bolonheses.
Quanto à escultura, não se pode negar que foram criadas neste período obras de tanto interesse como as do século anterior.
A ARTE BARROCA EM ESPANHA
Não há dúvida de que, durante o século XVII, tanto na Itália como na Espanha, o Barroco se encontrava num ambiente propício.
A escultura religiosa dessa época, a imaginária policromada, revela uma tendência geral muito pronunciada, afastando-se dos traços anteriores de renascentismo, para representar direta e simplesmente a qualidade humana, com expressões patéticas. Isso é característico da sensibilidade do Barroco, que foge das formas clássicas, de invenção nacional e se impressiona com as formas complexas e emocionantes e as visões da morte, da miséria, do heroísmo e da glória. A transição da morte para a glória está representada pelas cenas sangrentas dos martírios.
Jamais se fez uma escultura que de modo tão direto se destinasse a despertar ou a evocar o sentimento. É de uma sinceridade absoluta no seu patetismo, e daí a grande força que possui.
A pintura espanhola do século XVII é fundamentalmente realística. Apesar de continuarem a predominar os temas religiosos, todos os aspectos desta arte se encontram marcados pela tendência para a reprodução integral de quaisquer aspectos da realidade visível.
O “GRAND SIÈCLE” FRANCÊS
A obra de consolidação e engrandecimento da monarquia francesa empreendida por Henrique IV teve eficazes continuadores nos grandes ministros de seu filho e de seu neto, Luís XIII e Luís XIV. Sully e Richelieu, Mazarino e Colbert foram gigantes que se revelaram capazes de sustentar o peso enorme daquele governo absolutista. E Colbert pode ser considerado como o grande homem de Estado que levou a França àquele período de grandeza política e cultural a que se chamou, significativamente, o grand siècle - as glórias de uma época que, no século XVIII, Voltaire, compararia à de Péricles, em Atenas, e à de Augusto, em Roma. Pelo seu governo pessoal, Luís XIV identificou-se com o Estado: <<>> Todas as grandes iniciativas públicas partem do trono.
Sendo a arte uma força ativa, Colbert também quis aproveitá-la a serviço do Estado. São criadas no século XVIII as Academias: Académie Française (1635 ), Académie de Sculpture et de Peinture (1648 e reorganizada em 1664), Académie d’Árchitecture (1665). A arte oficial francesa daquela época é, portanto, uma arte dirigida, à qual se pretendeu dar, para maior grandeza, uma feição inteiramente clássica, regressando aos grandes mestres do século XVI e aos antigos.
Apesar de toda a ambiguidade de que se padece o adjetivo clássico, é evidente que se manifesta na arte francesa do século XVII uma resistência ao Barroco e aos seus valores retóricos, de fantasia e de exaltação sentimental.
A regra de ouro desse classicismo pode ser resumida, segundo: Clareza sutil, riqueza e sobriedade, obediência inteligente a uma norma, mas sem escravidão às regras, concentração pela eliminação do supérfluo; tudo isso define esta doutrina racionalista.
Todavia, não se pode dizer que a França tenha permanecido à margem do desenvolvimento do barroquismo, o que é amplamente demonstrado pelas hesitações entre o Barroco e o <> patentes nos edifícios da primeira metade do século XVII.
Sob Henrique IV e Luís XIII, Paris começou a ganhar a sua fisionomia atual, graças a grandes obras de reforma urbana.
O château por excelência - o palácio, que resume as características do classicismo francês do grand siècle, com seu ingrediente de força cenográfica barroca, é o que foi construído em Versailles. Quando Luís XIII comprou aquelas terras, em Versailles, edificou o palacete que mais tarde, foi transformado de modesta residência no faustoso palácio que hoje conhecemos, por Luís XIV, seu sucessor.
Uma famosa tradição de busto-retrato, solenemente enfático, mas de inegável elegância e, por vezes, de grande penetração psicológica, nasce na França por esses dias, sob a proteção oficial da Academia. A tendência dominante na escultura era, pois, de um Classicismo de cunho francês, na sua feição cortesã.
Quanto a pintura francesa, é mais difícil traçar um resumo da sua evolução a partir do reinado de Luís XIII, porque, depois de um prolongado marasmo, esta arte ressurge com aspectos que dificilmente encontrariam acolhimento na escultura <> da época, mantida em submissão obediente às diretrizes emanadas da Academia.
Pelo menos uma parte dos pintores franceses do século XVII manteve-se alheia por completo àquelas diretrizes unificadoras, num ambiente de liberdade artística avesso à altissonante (pomposa) exaltação do rei e do Estado ou aos temas da arte áulica (cortesã), mitológicos, simbólicos ou outros.
Evoca-se na pintura o interesse pelas intimidades familiares ou pelas cenas do meio rural. Arte franca e austera, não pôde ficar alheia ao fervor religioso que inquieta e apaixona tantos generosos e nobres espíritos, depois das ferozes guerras de religião da época anterior.
Sucedeu no campo da pintura francesa da época um fenômeno análogo ao que descrevemos na evolução da arquitetura, pois em ambas se manifestou, numa primeira fase, nítida indecisão entre o Barroquismo e os conceitos “clássicos” do espírito antibarroco.
A ARTE BARROCA NA FLANDRES E NA HOLANDA
A escola artística que florescera nos Países Baixos durante o século XV, época em que estas regiões pertenciam ao ducado de Borgonha, acabou por se cindir em dois ramos cada vez mais divergentes: o flamengo e o holandês.
Na arquitetura, Flandres mostrou-se receptiva ao Barroco. Na segunda metade do século XVI, o Renascimento de inspiração italiana afirmara-se. Este “romanismo” arquitetural e a ocupação espanhola facilitaram a adoção do Barroco, difundido pelos Jesuítas como estilo romano da Contra-Reforma.
Na Holanda, pelo contrário, verifica-se neste período uma indiferença às formas barrocas. A rica burguesia protestante holandesa em dinâmica ascensão amava a simplicidade estrutural dos edifícios de tijolo.
Por volta de 1630 difunde-se pela Holanda, talvez por influência inglesa, um novo estilo clássico que corresponde perfeitamente ao gosto pela simplicidade, manifestado pelos abastados burgueses holandeses.
A escultura flamenga do século XVII, acentuadamente barroca, chega a extremos de agitação, quase teatral. A matéria preferida é a madeira não policromada, em contraste com as grandes massas pétreas das igrejas. Os púlpitos e os confessionários, sobretudo, enchem o espaço sagrado formal, grandiloquente.
Nos templos holandeses, ao contrário das igrejas de Flandres, a escultura é rara, vítima da iconoclastia puritana do calvinismo, limitando-se às representações funerárias, de um realismo áspero, sem que deslumbra qualquer decoração alegórica.
Tal como sucede na arquitetura e na escultura, também a pintura flamenga e a holandesa seguirão por caminhos diferentes. Em Flandres, se afirmavam as características nacionais ao ritmo da prosperidade econômica.
A plenitude da pintura holandesa começou a afirmar-se, quase em coincidência, com o reconhecimento da independência nacional em 1609, manifestando logo os traços nacionais deste povo: o amor à terra natal e ao lar, a aversão a toda espécie de pomposidade áulica, um protestantismo puritano, o amor às instituições republicanas que tinham assegurado-depois de uma longa e terrível luta – a independência da nação.
O espírito da arte holandesa manifestou-se de modo muito original num gênero novo que não pode ter outro nome senão o de “retrato coletivo”. São as chamadas doelen stukken, com temas de comemoração ou festividade. Outro tipo de retrato é o individual e o grupo familiar com temas da rotineira intimidade familiar.
O “retrato” da Holanda que nos legaram estes pintores do século XVII é completado pela evocação dos seus panoramas. Foi aqui, e nesta época, que a paisagem ganhou a verdadeira independência como gênero pictural. Pouco a pouco, o fundo paisagístico que aparecia nos quadros do século XV foi ocupando um espaço crescente nas telas, até o ponto de atrair toda a atenção do artista, enquanto as figuras vão ficando menores e mais raras. Chega até a desaparecer o assunto anedótico, que dominara os primeiros planos das pinturas destinadas a evocar cenas ao ar livre.
Afins dos paisagistas são os pintores de marinha. O mar, designado por “segunda pátria dos Holandeses”, proporciona numerosos e variados temas que foram cultivados a fundo pelos artistas do século XVII.
Finalmente, devemos referir-nos aos pintores de naturezas-mortas, que – diferentemente do que encontramos na natureza-morta à maneira flamenga – representavam mesas com frutos diversos junto de vários objetos, em composições ricas que se prestavam em alto grau à perícia artística na difícil reprodução de peças de cristal, de taças e jarros de prata ou de vasilhas e pratos de porcelana chinesa. Estes artistas converteram em tema preferido dos seus quadros o que até então fora tido por acessório. Assim alcançou a sua emancipação definitiva o objeto, que fora ganhando mais e mais importância.
A ARTE BARROCA EM INGLATERRA, NA EUROPA CENTRAL E NA RÚSSIA
Em nenhum período da história da Inglaterra ocorreram transformações políticas tão radicais como no século XVII. Esta revolução – conhecida como a <> - definiu as instituições britânicas em moldes que perdurariam até hoje: governo parlamentar, o anglicanismo como religião do Estado, tolerância religiosa e liberdade de imprensa.
Como se esperava, estas mudanças refletiram-se nas transformações da arte inglesa do século XVII, que, por fatores de ordem religiosa – como a fanática oposição puritana à escultura e à pintura nos preceitos do culto anglicano -, ou por circunstâncias acidentais – como o incêndio de Londres em 1666 -, teria a sua expressão mais notável no campo da arquitetura.
Durante as quatro primeiras décadas do século – nos reinados de Jaime I e Carlos I – a arquitetura prosseguiu pelas veredas do Gótico tardio. Foi um estilo de longa vida na Inglaterra: apesar das mudanças estilísticas posteriores, iria manifestar-se em muitas construções até o final do século XIX. Todavia, a arquitetura desta época não mereceria atenção especial se não tivesse aparecido a figura do londrino Inigo Jones (1573-1652), introdutor do classicismo italiano.
A escultura inglesa dos começos do século XVII acompanhou, com variada fortuna, os postulados estilísticos italianos. A escultura sofreu um eclipse total, devido à hostilidade dos puritanos às imagens e retratos. Só nos finais do século XVII, por influência do classicismo francês, a escultura inglesa começou a dar sinais de certa vitalidade.
Tal como a escultura, também a pintura britânica do século XVII teve uma existência frustrante.
Na Europa central, o desenvolvimento artístico foi quase nulo na primeira metade do século XVII, por causa da Guerra dos Trinta anos (1618-1648). O fim do estado de guerra (1648) e o regresso à normalidade permitiram o renascimento das atividades artísticas. A arquitetura romana de Bernini, Borromini e Guarini encontrou na Europa central um acolhimento entusiástico, surgindo nesta região algumas das mais esplêndidas interpretações do Barroco italiano, especialmente no período a que os historiadores chamam de Barroco tardio (1680-1750). Só no período tardio do Barroco, o spätbarock dos tratadistas alemães, se tornou possível o desenvolvimento desta arquitetura aparatosa, que virá fundir-se, já avançado o século XVIII, com o brilhante Rococó germânico. Os núcleos mais representativos deste movimento encontram-se espalhados por uma vasta área da Europa central: Áustria, Boêmia, Francônia, Baviera, Suábia, e Suíça oriental, regiões onde o domínio ou a influência da igreja católica favoreceram um surto notável da arquitetura criada pelos mestres italianos do Barroco. Igrejas, catedrais, mosteiros, são erguidos ou reconstruídos por toda parte. Mas não se deve identificar Barroco com catolicismo, porque também houve uma notável arquitetura civil. Os príncipes desta Europa procuraram exaltar o seu diminuto poder com obras que lhes perpetuasse a memória, tal como Luís XIV fizera em Versailles. E algo de semelhante aconteceu nas regiões protestantes – mais ligadas ao gosto rococó – do Wurtemberg, da Saxônia e da Prússia, onde, se os monumentos religiosos são escassos, os príncipes protestantes rivalizaram com os católicos pelo luxo e magnificência dos seus palácios.
A partir de 1683, data do cerco da cidade e do segundo retrocesso dos Turcos, Viena tornou-se o centro do barroquismo austríaco.
As destruições da Guerra dos Trinta Anos refletiram-se ainda por muito tempo no período subsequente, de lenta recuperação. Populações arruinadas não podiam proporcionar, no século XVII, um mercado capaz de manter uma pintura alemã florescente. A maioria dos pintores emigraram.
Na Rússia repetiu-se com o Barroco o mesmo fenômeno sucedido nos tempos do Renascimento: também vieram artistas de fora, sobretudo italianos e franceses, mas não tardou que as suas teorias se fundissem com as tradições artísticas locais.
Só no fim do século (1699), a arte russa sofreu mudanças radicais - Revolução ocidentalizante. As tradições mais arraigadas, artísticas ou outras, foram combatidas pelos mais variados meios.
Fonte:
Ø História da Arte. Salvat Editores Editora do Brasil Ltda. Tomo 7. Capítulos 1, 3, 5, 6 e 10. S.P.
Não só é imprecisa a fronteira entre o Renascimento e o Barroco, como também não se chegou a um acordo definitivo quanto ao sentido deste conceito ou da própria palavra que o exprime.
Uns afirmam que deriva de baroco, termo escolástico (relativo à escola); outros entendem que provém do latim verruca, “verruga”, “saliência ou defeito ligeiro”; com mais verossimilhança, deu-se como raiz a palavra portuguesa barroco, com que se designavam as pérolas de superfície irregular. Apesar de ser bastante empregada no século XVII, com o sentido de coisa singular, bizarra ou caprichosa, foram os tratadistas neoclássicos do século XVIII que lhe deram ampla circulação, como sinônimo de estilo extravagante e decadente, artificioso e sobrecarregado. Só em 1888 o grande historiador da arte Heinrich Wölfflin, num livro famoso, Renascimento e Barroco, estabeleceu as bases para uma apreciação mais justa do alcance e do sentido desse período histórico-cultural que sucede ao Maneirismo e se lhe opõe intelectual e esteticamente.
Também se discute o local e a data da sua aparição, sempre difíceis de estabelecer para qualquer movimento artístico de raízes complexas. Enquanto o Barroco foi considerado uma continuação ou um desenvolvimento das concepções maneiristas podia-se considerá-lo já formado nas duas últimas décadas do século XVI. Mas esta relação foi negada pela maioria dos historiadores atuais, em cuja opinião o Barroco apenas se afirma com caracteres bem definidos cerca de 1630, nas primeiras obras de Gian Lorenzo Bernini (1598-1680). É uma arte que se desenvolve num panorama cultural em que os fatores religiosos exerceram um papel preponderante. A grande crise da Reforma dissociara o mundo cristão ocidental: a Dinamarca, a Suécia, a Inglaterra, os Países Baixos e grande parte da Alemanha tinham quebrado os laços com o papado, enquanto as hostes (tropas) turcas de Solimão ocupavam a Hungria e levavam o estandarte do Islã até as portas de Viena.
A igreja católica atravessou neste período uma situação dificílima, a que não foi estranha a corrupção de alguns dos seus responsáveis. Mas o Concílio de Trento e uma nova ordem religiosa, a Companhia de Jesus, reforçaram o catolicismo e deram-lhe meios e um estilo de combate que lhe permitiu não só consolidar as posições que ainda mantinha, mas também recuperar muito do terreno perdido.
Haviam passado os dias da requintada e calma análise intelectual ou da contemplação individualista, visando à perfeição pessoal; afirmam-se novas atitudes, de combate e propaganda, de conversão e polêmica, alargada a mais vastos setores. As forças inconsistentes e afetivas, não racionais, ganharam então novas dimensões e os homens da Contra-Reforma tiveram nítida consciência destes estados de sensibilidade coletiva. Com suprema habilidade, souberam aproveitá-los para os seus fins, bem cientes da eficácia de uma propaganda apoiada em fatores emocionais habilmente dirigidos.
Pelos caminhos do sentimento se alcançava a inteligência e a adesão das vontades. E por isso assistimos ao desenvolvimento de uma arte religiosa emotiva e teatral, ordenada pelos conceitos de ordem espiritual e social que se encontram na base da Contra-Reforma e utilizando sobremaneira o poder da sugestão e força do prestígio, nas mais variadas formas.
Os fundamentos da arquitetura barroca, essencialmente religiosa e palaciana, estão ligados à grande transformação urbanista da Roma do século XVII e às obras de dois arquitetos geniais, Bernini e Borromini. Mas as origens do Barroco vêm de mais longe, da própria crise do classicismo renascentista, logo nos primeiros decênios do século XVI, chegando alguns até ao exagero de atribuir a Miguel Ângelo a paternidade dessas novas concepções formais.
Novas famílias entram em cena na vida social e política de Roma, pois as fortunas mudaram. Aos Colonna, Orsini e Farnésio sucedem os Borghese, Doria, Pamphili e Barberini.
Estas são as linhagens dos papas dos tempos barrocos enriquecidos pelo nepotismo (favoritismo) desenfreado. E por isso os palácios Borghese, Barberini e Doria-Pamphili são as grandes residências desta época.
O grande período barroco, o que produziu as obras arquitetônicas mais admiráveis, situa-se aproximadamente entre 1625 e 1675 e está dominado pelos nomes de três grandes arquitetos: Pietro da Cortona (1596-1669), Gian Lorenzo Bernini (1598-1680) e Francesco Borromini (1599-1667).
Não só as zonas próximas de São Pedro, mas toda a cidade de Roma, sofreram grandes obras de urbanização, dirigidas por arquitetos e escultores barrocos. A Roma monumental dos nossos dias é essencialmente a dos cardeais e papas dos tempos do Barroco; cada príncipe da Igreja embelezou os arredores do seu palácio com avenidas, praças e fontes.
As fontes barrocas de Roma são um dos seus mais atraentes adornos. Por vários aquedutos da Roma dos Césares continuavam fluindo abundantes caudais para o interior da cidade, trazendo muito mais água que a necessária para a população, menos numerosa que na Antiguidade.
Das sobras se aproveitaram os arquitetos dos séculos XVI e XVII para embelezar Roma com magníficas fontes, que são ainda hoje o seu melhor ornamento e que foram imitadas em toda parte. As duas mais célebres são a de Trevi e a Acqua Paola.
Outra das fontes afamadas de Roma é a da Fontana dei Quattro Fiumi.
Mas já é tempo de nos referirmos às artes plásticas da época barroca italiana, e em primeiro lugar à pintura. Os pintores de maior reputação nos fins do século XVI não foram romanos, nem florentinos, mas bolonheses.
Quanto à escultura, não se pode negar que foram criadas neste período obras de tanto interesse como as do século anterior.
A ARTE BARROCA EM ESPANHA
Não há dúvida de que, durante o século XVII, tanto na Itália como na Espanha, o Barroco se encontrava num ambiente propício.
A escultura religiosa dessa época, a imaginária policromada, revela uma tendência geral muito pronunciada, afastando-se dos traços anteriores de renascentismo, para representar direta e simplesmente a qualidade humana, com expressões patéticas. Isso é característico da sensibilidade do Barroco, que foge das formas clássicas, de invenção nacional e se impressiona com as formas complexas e emocionantes e as visões da morte, da miséria, do heroísmo e da glória. A transição da morte para a glória está representada pelas cenas sangrentas dos martírios.
Jamais se fez uma escultura que de modo tão direto se destinasse a despertar ou a evocar o sentimento. É de uma sinceridade absoluta no seu patetismo, e daí a grande força que possui.
A pintura espanhola do século XVII é fundamentalmente realística. Apesar de continuarem a predominar os temas religiosos, todos os aspectos desta arte se encontram marcados pela tendência para a reprodução integral de quaisquer aspectos da realidade visível.
O “GRAND SIÈCLE” FRANCÊS
A obra de consolidação e engrandecimento da monarquia francesa empreendida por Henrique IV teve eficazes continuadores nos grandes ministros de seu filho e de seu neto, Luís XIII e Luís XIV. Sully e Richelieu, Mazarino e Colbert foram gigantes que se revelaram capazes de sustentar o peso enorme daquele governo absolutista. E Colbert pode ser considerado como o grande homem de Estado que levou a França àquele período de grandeza política e cultural a que se chamou, significativamente, o grand siècle - as glórias de uma época que, no século XVIII, Voltaire, compararia à de Péricles, em Atenas, e à de Augusto, em Roma. Pelo seu governo pessoal, Luís XIV identificou-se com o Estado: <<>> Todas as grandes iniciativas públicas partem do trono.
Sendo a arte uma força ativa, Colbert também quis aproveitá-la a serviço do Estado. São criadas no século XVIII as Academias: Académie Française (1635 ), Académie de Sculpture et de Peinture (1648 e reorganizada em 1664), Académie d’Árchitecture (1665). A arte oficial francesa daquela época é, portanto, uma arte dirigida, à qual se pretendeu dar, para maior grandeza, uma feição inteiramente clássica, regressando aos grandes mestres do século XVI e aos antigos.
Apesar de toda a ambiguidade de que se padece o adjetivo clássico, é evidente que se manifesta na arte francesa do século XVII uma resistência ao Barroco e aos seus valores retóricos, de fantasia e de exaltação sentimental.
A regra de ouro desse classicismo pode ser resumida, segundo: Clareza sutil, riqueza e sobriedade, obediência inteligente a uma norma, mas sem escravidão às regras, concentração pela eliminação do supérfluo; tudo isso define esta doutrina racionalista.
Todavia, não se pode dizer que a França tenha permanecido à margem do desenvolvimento do barroquismo, o que é amplamente demonstrado pelas hesitações entre o Barroco e o <
Sob Henrique IV e Luís XIII, Paris começou a ganhar a sua fisionomia atual, graças a grandes obras de reforma urbana.
O château por excelência - o palácio, que resume as características do classicismo francês do grand siècle, com seu ingrediente de força cenográfica barroca, é o que foi construído em Versailles. Quando Luís XIII comprou aquelas terras, em Versailles, edificou o palacete que mais tarde, foi transformado de modesta residência no faustoso palácio que hoje conhecemos, por Luís XIV, seu sucessor.
Uma famosa tradição de busto-retrato, solenemente enfático, mas de inegável elegância e, por vezes, de grande penetração psicológica, nasce na França por esses dias, sob a proteção oficial da Academia. A tendência dominante na escultura era, pois, de um Classicismo de cunho francês, na sua feição cortesã.
Quanto a pintura francesa, é mais difícil traçar um resumo da sua evolução a partir do reinado de Luís XIII, porque, depois de um prolongado marasmo, esta arte ressurge com aspectos que dificilmente encontrariam acolhimento na escultura <
Pelo menos uma parte dos pintores franceses do século XVII manteve-se alheia por completo àquelas diretrizes unificadoras, num ambiente de liberdade artística avesso à altissonante (pomposa) exaltação do rei e do Estado ou aos temas da arte áulica (cortesã), mitológicos, simbólicos ou outros.
Evoca-se na pintura o interesse pelas intimidades familiares ou pelas cenas do meio rural. Arte franca e austera, não pôde ficar alheia ao fervor religioso que inquieta e apaixona tantos generosos e nobres espíritos, depois das ferozes guerras de religião da época anterior.
Sucedeu no campo da pintura francesa da época um fenômeno análogo ao que descrevemos na evolução da arquitetura, pois em ambas se manifestou, numa primeira fase, nítida indecisão entre o Barroquismo e os conceitos “clássicos” do espírito antibarroco.
A ARTE BARROCA NA FLANDRES E NA HOLANDA
A escola artística que florescera nos Países Baixos durante o século XV, época em que estas regiões pertenciam ao ducado de Borgonha, acabou por se cindir em dois ramos cada vez mais divergentes: o flamengo e o holandês.
Na arquitetura, Flandres mostrou-se receptiva ao Barroco. Na segunda metade do século XVI, o Renascimento de inspiração italiana afirmara-se. Este “romanismo” arquitetural e a ocupação espanhola facilitaram a adoção do Barroco, difundido pelos Jesuítas como estilo romano da Contra-Reforma.
Na Holanda, pelo contrário, verifica-se neste período uma indiferença às formas barrocas. A rica burguesia protestante holandesa em dinâmica ascensão amava a simplicidade estrutural dos edifícios de tijolo.
Por volta de 1630 difunde-se pela Holanda, talvez por influência inglesa, um novo estilo clássico que corresponde perfeitamente ao gosto pela simplicidade, manifestado pelos abastados burgueses holandeses.
A escultura flamenga do século XVII, acentuadamente barroca, chega a extremos de agitação, quase teatral. A matéria preferida é a madeira não policromada, em contraste com as grandes massas pétreas das igrejas. Os púlpitos e os confessionários, sobretudo, enchem o espaço sagrado formal, grandiloquente.
Nos templos holandeses, ao contrário das igrejas de Flandres, a escultura é rara, vítima da iconoclastia puritana do calvinismo, limitando-se às representações funerárias, de um realismo áspero, sem que deslumbra qualquer decoração alegórica.
Tal como sucede na arquitetura e na escultura, também a pintura flamenga e a holandesa seguirão por caminhos diferentes. Em Flandres, se afirmavam as características nacionais ao ritmo da prosperidade econômica.
A plenitude da pintura holandesa começou a afirmar-se, quase em coincidência, com o reconhecimento da independência nacional em 1609, manifestando logo os traços nacionais deste povo: o amor à terra natal e ao lar, a aversão a toda espécie de pomposidade áulica, um protestantismo puritano, o amor às instituições republicanas que tinham assegurado-depois de uma longa e terrível luta – a independência da nação.
O espírito da arte holandesa manifestou-se de modo muito original num gênero novo que não pode ter outro nome senão o de “retrato coletivo”. São as chamadas doelen stukken, com temas de comemoração ou festividade. Outro tipo de retrato é o individual e o grupo familiar com temas da rotineira intimidade familiar.
O “retrato” da Holanda que nos legaram estes pintores do século XVII é completado pela evocação dos seus panoramas. Foi aqui, e nesta época, que a paisagem ganhou a verdadeira independência como gênero pictural. Pouco a pouco, o fundo paisagístico que aparecia nos quadros do século XV foi ocupando um espaço crescente nas telas, até o ponto de atrair toda a atenção do artista, enquanto as figuras vão ficando menores e mais raras. Chega até a desaparecer o assunto anedótico, que dominara os primeiros planos das pinturas destinadas a evocar cenas ao ar livre.
Afins dos paisagistas são os pintores de marinha. O mar, designado por “segunda pátria dos Holandeses”, proporciona numerosos e variados temas que foram cultivados a fundo pelos artistas do século XVII.
Finalmente, devemos referir-nos aos pintores de naturezas-mortas, que – diferentemente do que encontramos na natureza-morta à maneira flamenga – representavam mesas com frutos diversos junto de vários objetos, em composições ricas que se prestavam em alto grau à perícia artística na difícil reprodução de peças de cristal, de taças e jarros de prata ou de vasilhas e pratos de porcelana chinesa. Estes artistas converteram em tema preferido dos seus quadros o que até então fora tido por acessório. Assim alcançou a sua emancipação definitiva o objeto, que fora ganhando mais e mais importância.
A ARTE BARROCA EM INGLATERRA, NA EUROPA CENTRAL E NA RÚSSIA
Em nenhum período da história da Inglaterra ocorreram transformações políticas tão radicais como no século XVII. Esta revolução – conhecida como a <
Como se esperava, estas mudanças refletiram-se nas transformações da arte inglesa do século XVII, que, por fatores de ordem religiosa – como a fanática oposição puritana à escultura e à pintura nos preceitos do culto anglicano -, ou por circunstâncias acidentais – como o incêndio de Londres em 1666 -, teria a sua expressão mais notável no campo da arquitetura.
Durante as quatro primeiras décadas do século – nos reinados de Jaime I e Carlos I – a arquitetura prosseguiu pelas veredas do Gótico tardio. Foi um estilo de longa vida na Inglaterra: apesar das mudanças estilísticas posteriores, iria manifestar-se em muitas construções até o final do século XIX. Todavia, a arquitetura desta época não mereceria atenção especial se não tivesse aparecido a figura do londrino Inigo Jones (1573-1652), introdutor do classicismo italiano.
A escultura inglesa dos começos do século XVII acompanhou, com variada fortuna, os postulados estilísticos italianos. A escultura sofreu um eclipse total, devido à hostilidade dos puritanos às imagens e retratos. Só nos finais do século XVII, por influência do classicismo francês, a escultura inglesa começou a dar sinais de certa vitalidade.
Tal como a escultura, também a pintura britânica do século XVII teve uma existência frustrante.
Na Europa central, o desenvolvimento artístico foi quase nulo na primeira metade do século XVII, por causa da Guerra dos Trinta anos (1618-1648). O fim do estado de guerra (1648) e o regresso à normalidade permitiram o renascimento das atividades artísticas. A arquitetura romana de Bernini, Borromini e Guarini encontrou na Europa central um acolhimento entusiástico, surgindo nesta região algumas das mais esplêndidas interpretações do Barroco italiano, especialmente no período a que os historiadores chamam de Barroco tardio (1680-1750). Só no período tardio do Barroco, o spätbarock dos tratadistas alemães, se tornou possível o desenvolvimento desta arquitetura aparatosa, que virá fundir-se, já avançado o século XVIII, com o brilhante Rococó germânico. Os núcleos mais representativos deste movimento encontram-se espalhados por uma vasta área da Europa central: Áustria, Boêmia, Francônia, Baviera, Suábia, e Suíça oriental, regiões onde o domínio ou a influência da igreja católica favoreceram um surto notável da arquitetura criada pelos mestres italianos do Barroco. Igrejas, catedrais, mosteiros, são erguidos ou reconstruídos por toda parte. Mas não se deve identificar Barroco com catolicismo, porque também houve uma notável arquitetura civil. Os príncipes desta Europa procuraram exaltar o seu diminuto poder com obras que lhes perpetuasse a memória, tal como Luís XIV fizera em Versailles. E algo de semelhante aconteceu nas regiões protestantes – mais ligadas ao gosto rococó – do Wurtemberg, da Saxônia e da Prússia, onde, se os monumentos religiosos são escassos, os príncipes protestantes rivalizaram com os católicos pelo luxo e magnificência dos seus palácios.
A partir de 1683, data do cerco da cidade e do segundo retrocesso dos Turcos, Viena tornou-se o centro do barroquismo austríaco.
As destruições da Guerra dos Trinta Anos refletiram-se ainda por muito tempo no período subsequente, de lenta recuperação. Populações arruinadas não podiam proporcionar, no século XVII, um mercado capaz de manter uma pintura alemã florescente. A maioria dos pintores emigraram.
Na Rússia repetiu-se com o Barroco o mesmo fenômeno sucedido nos tempos do Renascimento: também vieram artistas de fora, sobretudo italianos e franceses, mas não tardou que as suas teorias se fundissem com as tradições artísticas locais.
Só no fim do século (1699), a arte russa sofreu mudanças radicais - Revolução ocidentalizante. As tradições mais arraigadas, artísticas ou outras, foram combatidas pelos mais variados meios.
Fonte:
Ø História da Arte. Salvat Editores Editora do Brasil Ltda. Tomo 7. Capítulos 1, 3, 5, 6 e 10. S.P.
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